Bioquímica da Nutrição

Por uma Alimentação Saudável

Painel - Dietas da Moda













Com a incidência cada vez maior de casos de obesidade e com o próprio fator vaidade, perder peso tornou-se ao mesmo tempo uma questão de saúde pública e uma questão cultural. Uma infinidade de dietas surgiu com essa situação, a maioria com uma característica em comum, a redução ou a supressão de um grupo alimentar. Mais do que emagrecer, procura-se com essas dietas outros benefícios, como o controle glicêmico, evitar doenças cardiovasculares, enfim, uma vida saudável. Algumas dessa dietas tem um forte caráter popular. A dieta da lua, por exemplo, propõe que da mesma forma que a lua tem efeito sobre as mares, ela também tem influência no líquidos corporais. Em períodos de mudança de fase da lua, o seguidor da dieta deve permanecer por 24 horas se limitando a líquidos, suco e sopa. Outra dieta interessante, que também não possui embasamento científico é a dieta das cores. Segundo essa dieta, quanto mais coloridos forem os alimentos que a pessoa ingerir, mais saudáveis eles serão.

Inúmeras dietas têm sido analisadas, mas talvez as dietas low carbohydrate sejam as que mais têm provocado o interesse dos estudiosos atualmente. Essa dieta, como o nome sugere, preconiza a redução do consumo de carboidratos a valores ínfimos. A dieta cetogênica talvez tenha sido a primeira dieta desse gênero. Introduzida na década de 20 para o tratamento de pacientes com crises epilépticas, ela é ainda mais radical do que uma dieta low carb tradicional, pois todo o carboidrato é cortado da alimentação do paciente. Proteínas e principalmente lipídios são a base da dieta e juntamente com a ausência de carboidratos pretende-se promover o aumento da concentração de corpos cetônicos no sangue desses pacientes. Acredita-se que com isso o cé

rebro sofra um processo de adaptação em relação aos principais compostos utilizados como fonte de energia, sendo os corpos cetônicos utilizados ao invés da glicose e, dessa forma, evitando crises epilépticas que antes eram mais recorrentes.


Com a publicação do livro Dr. Atkins New Diet Revolution, as d ietas low carbohydrate talvez tenham ganhado seu maior expoente. A partir da década de 50 surgiram recomendações a cerca da diminuição da ingestão de gorduras. Na década de 70, porém, a obra do doutor Robert Atkins gerou surpresa tanto por parte do meio acadêmico, quanto popular, ao criar uma dieta que permitia uma alimentação sem restrições calóricas, mas com restrições nos níveis de carboidratos. A dieta é dividida em quatro fases: A primeira, a mais restritiva, limita a 20g a ingestão de carboidra tos, sendo saladas e outros vegetais permitidos. A segunda, a fase de perda de peso, permite a adição de alguns carboidratos em taxas de 5g por semana. Essa fase dura até o momento em que se para de perder peso e se descobre o consumo limite de carboidratos. A terceira fase é uma fase de transição e nela é permitido o aumento do consumo em uma taxa de 10g por semana caso se deseje interromper a perda de peso. A última fase permite uma seleção maior de alimentos e com perda de peso. A lógica dessa dieta é o controle dos níveis de insulina a partir do controle do consumo de carboidratos. Qua ndo se ingere carboidratos em porções maiores que as necessidades energéticas, o hormônio insulina se compromete a acumular esse excesso na forma de gordura. Com uma alimetanção baseada em gorduras e proteínas, a liberação de insulina pelo pâncreas será reduzida, o que é conveniente, pois o acúmulo de gorduras também será reduzido e em momentos de jejum essas reservas serão degradadas. Pode se questionar sobre a liberdade que a dieta confere em relação a quantidade de alimentos ingeridos. A resposta é que as proteínas promovem saciedade muito mais facilmente do que carboidratos e gorduras , dessa forma, por mais que a pessoa queira comer, ela não terá vontade.

Já está comprovado que a dieta de atkins causa reduçã
o de peso, mas não é só esse benefício que se espera dela. Seguindo as quatro fases da dieta é possível determinar a quantidade de ingestão limite de carboidratos e conseguir com isso uma relativa manunteção do peso. Além disso, a dieta tem sido aconselhada no tratamento de pessoas com diabetes tipo 2, justamente devido ao controle da insulina. A dieta, porém, tem suas desvantagens. Com a degradação das reservas na forma de gordura, substâncias conhecidas como corpos cetônicos são produzidos no fígado. Estas são destinadas a vários orgãos, como coração e cerébro(que não pode oxidar ácidos graxos para obter energia), para fornecer energia. A cetogênese, no caso dessa dieta, promove a chamada boa cetose, mas o incoveniente se encontra no mau hálito devido a produção excessiva de acetona. A dieta é pobre em fibras, o que pode gerar outro problema, a constipação intestinal. E a possível sobrecarga dos rins, devido ao grande consumo de proteínas, pode levar a condições de pedras nos rins e infecções nesses orgãos.

Uma versão mais branda da dieta de atkins foi desenvo
lvida pelo cardiologista Arthur Agatson, a dieta de south beach. Agatson, também professor de uma universidade de Miami(dai o nome da dieta) desenvolveu a dieta inicialmente para tratar doenças cardiovasculares, mas percebeu que era possível perder peso com ela. A proposta da dieta não é de restringir o consumo de nenhum grupo de alimentos, mas sim descobrir quais são os "bons" carboidratos e gorduras. Assim como a dieta de atkins, a dieta de south beach também tem suas fases. A primeira fase, a mais restritiva, prevê uma perda de até 5 kilogramas em duas semanas a partir da retirada de praticamente todos os carboidratos. Na segunda, alguns alimentos são reintroduzidos, como frutas e alguns alimentos a base de amido. Essa fase deve durar até a pessoa atingir o peso desejado. A terceira e última fase consiste em uma manutenção das fases anteriores e deve ser seguida para o resto da vida.

Um estudo publicado no New England Journal of Medicine co
mparou três dietas - dieta low carb, dieta low fat e dieta do mediterrâneo - durante dois anos. O estudo mostrou que a dieta mais eficaz das três na perda de peso é a dieta low carb. Apesar desse resultado, muito ainda deve ser estudado para que se chegue a resultados mais concretos.


Bibliografia: http://www.sbnpe.com.br/revista/V22-N1-73. pdf

http://content.nejm.org/cgi/content/full/359/3/229

http://content.nejm.org/cgi/content/short/348/21/2082


http://saude.hsw.uol.com.br/dieta-atkins6.htm

http://saude.hsw.uol.com.br/como-perder-peso-com-uma-dieta-de-baixos-carboidratos5.htm


Postado por Alexandre Antunes

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Somos alunos do primeiro semestre de medicina da Unb cursando a matéria Bioquímica e Biofísica. Esse blog faz parte de uma série de outros, todos relacionados a bioquímica, mas com outros temas. Bioquímica da Nutrição é o nosso e pretendemos trazer novidades de forma leve e interessante.
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